A Christofle está a regressar às origens. A marca francesa de cutelaria e serviços de mesa está a crescer, em particular em Portugal, com o negócio de peças únicas concebidas por encomenda, à semelhança do tipo de serviço que prestava às principais casas reais europeias no século XIX. Os artigos de decoração estão também em ascensão, em contraciclo com os faqueiros de prata e os serviços de mesa, que têm menos procura. "Há dois tipos de segmentos a crescer: o dos clientes que vêm à loja comprar objetos de decoração e gifts (presentes) e o do topo da pirâmide, que são os clientes que têm mansões, iates ou hotéis, que procuram peças especiais e únicas", refere Olivier Fremont, presidente executivo (CEO) da Christofle, que veio a Lisboa para marcar presença no evento de comemoração dos 20 anos da loja, que até há três anos se denominava PavillonChristofle. Turistas que procuram superluxo exclusivo e estrangeiros que vêm para Portugal para se instalarem na área da hotelaria ( MARCAS ) são os clientes que estão a impulsionar o negócio. "O volume de negócios de Portugal representa entre 2% e 4% das vendas globais da Christofle, mas estamos a crescer com este tipo de projeto por encomenda por catálogo ou com edições limitadas para decorações. Depois temos o serviço mais premium, totalmente exclusivo, com a conceção, por exemplo, de mesas de jantar, desde os talheres ao serviço, ou a criação de bares para barcos", explica Olivier Fremont. O CEO da Christofle reconhece que "não há em Portugal 10 projetos por dia como estes, mas há cada vez mais estrangeiros a virem para Portugal desenvolver negócios e é um país com muitas ligações a ex-colónias, como Brasil e Angola". Neste caso, os projetos são encomendados em Portugal para serem implementados nos países de origem dos clientes. "Portugal é um hub para levar a nossa marca para outros países", remata. Por o foco estar neste segmento, a abertura de novas lojas não está no horizonte dos próximos dois anos. A nível mundial, o negócio está estabilizado em 100 milhões de euros de faturação, distribuídos entre 55 lojas próprias e dois mil pontos de venda. Olivier Fremont garante que a marca que dirige tem mais peso na Europa e nos Estados Unidos, que são também os mercados onde está a investir mais. "Quase metade da nossa faturação é feita na Europa, 20% nos Estados Unidos, 15% no Médio Oriente, Dubai, Líbano e Arábia Saudita e o resto no Japão", diz. Em relação ao tipo de artigos com mais peso no negócio, Olivier Fremont avança que os serviços de mesa (cutelaria e porcelanas) representam metade da faturação a nível mundial e a outra metade está dividida entre as peças de decoração e gifts e as joias, que é o segmento mais recente e com menos expressão. O executivo reconhece que as peças em prata não só estão a perder procura, por conta da mudança dos estilos de vida, como valor, devido à descida do preço desta matéria-prima, mas argumenta que não está no negócio da venda de prata. "Antigamente comprava-se uma peça Christofle a pensar num investimento para as gerações seguintes ganharem dinheiro num leilão. Hoje em dia ninguém compra uma peça de luxo a pensar em ganhar dinheiro com isso daqui a 200 anos", argumenta. Reino Unido, Estados Unidos e o Sul da Europa (Portugal e Espanha) são os países com crescimento mais forte, enquanto França está a recomeçar a crescer, a reboque da coleção de joias na qual a Christofle tem investido no país. "Do ponto de vista do negócio, temos de nos focar. Temos lojas em tantos lugares, e quando temos tantos pontos de venda temos de nos focar. A minha prioridade é a Europa, onde já somos muito conhecidos, melhorando as propostas comerciais e de marketing, e depois os Estados Unidos e o Japão", revela Olivier Fremont, desvalorizando a presença na Ásia. "Temos duas lojas na China e para crescer lá vai demorar uns 10 anos, porque a marca é pouco conhecida. Se investir em França ou no Reino Unido, o crescimento é imediato", justifica. Outro dos aspetos que pesa em desfavor da Christofle é a forma como os chineses se relacionam com os artigos de luxo. "Estão mais à procura de relógios e de peças em ouro do que de uma decoração especial e exclusiva. Procuram objetos para ostentarem na rua, não para terem em casa", considera Olivier Fremont, avançando que a marca que dirige quer trilhar outro caminho. "A minha visão é que o luxo será cada vez mais pelo lado do prazer e a forma como se vive e interage com o produto. Ter, por exemplo, uma peça de prata para colocar as chaves e as moedas quando se chega a casa, criando um ambiente de exclusividade. Luxo não é demonstrar o ego, é usufruir de um prazer, e a Christofle quer seguir esta visão", conclui. Fonte: http://expresso.sapo.pt/economia/exame/2015-10-21--Angola-e-Brasil-puxam-pelas-vendas-da-francesa-Christofle
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